Bienvenue dans ma réalité!
(Bem vindo a minha realidade)
Outro dia me perguntaram: E
como anda seu coração de poeta?
Neste instante eu fiquei sem
palavras. Justo eu que sempre tenho resposta para tudo e todos e naquele momento
eu realmente não tinha palavras para dizer.
Foi então que eu parei para
pensar naquela pergunta e foi quando eu descobri que eu ainda tenho um coração
que bate aqui dentro do peito.
Até aquele momento eu não
havia percebido, e foi só depois daquela pergunta que me dei conta do que eu
estava fazendo com os meus próprios sentimentos.
Sou uma mulher ativa,
independente, cheia de sonhos a serem realizados. Sou uma mulher que luta pelo
que quer e que corre atrás de todos os seus objetivos e consegue realiza-los um
por um, não importa o tempo.
Sou uma mulher que ama a
vida, que gosta de viajar, de sair por aí sem sentido, faço o que me dá na
cabeça sem perguntar opinião. Essa sou eu, simples e complicada assim.
Sempre fui uma mulher
apaixonada, sempre dei o devido valor pro meu coração e nunca fugi do amor,
sempre dei as chances que ele merecia.
Acontece que, depois de um
tempo sozinha e de alguns traumas que ainda me perseguem, eu acabei criando
algumas barreiras pra não deixar ninguém chegar perto dele para que eu não
tenha que costura-lo novamente e deixa-lo com mais uma cicatriz.
Chegou um momento na minha
vida, que eu decidi deixa-lo quietinho para que eu não precisasse me preocupar
com ele. Não que eu seja egoísta, mas assim, eu teria mais sossego e não teria
que me preocupar em deixar o meu “quit costura coração” sempre por perto.
E assim eu fui vivendo, fui
realizando meus sonhos, minhas vontades, meus desejos, correndo de um lado pro
outro, me focando em meu trabalho, em minha carreira, nos meus estudos. Fui
resolvendo meus problemas, sofrendo com as minhas dores sempre só.
Acabei que por instinto,
fugindo do que poderia ser um lugar seguro, desperdiçando chances aqui, chances
ali porque eu sabia que não iria dar certo, ou, porque eu esperava encontrar
alguém tão perfeito que nenhum servia para mim.
Toda vez que um possível
amor se aproximava, eu fugia, corria para dentro de mim mesma e dizia: Você vai
passar por tudo novamente, melhor você ficar sozinha!
E eu sempre ouvia minha
intuição.
Chances pro amor realmente
não faltaram, mas, eu estava tão focada em outros objetivos que essa falta do
amor era suprida por todos os meus outros desejos.
Não posso mentir, claro, que
muitas vezes eu sentia uma carência que envolvia todo o meu ser (sou mulher, sou
humana eu tenho sentimentos, pode parecer que não, mas tenho), mas, depois eu
virava pro outro lado da cama, fechava meus olhos e dormia. No dia seguinte,
diante do meu dia corrido, esquecia de tudo e me focava de novo no meu trabalho.
Eu não sou perfeita, minha vida
não é perfeita, a vida de ninguém é perfeita (quase de ninguém)...
Eu não tenho muito dinheiro,
eu vivo na simplicidade, não frequento os melhores restaurantes, os melhores
shoppings e nem uso os melhores perfumes importados. Minhas roupas não são de
marca, faço terapia (mas não sou louca), tenho meus traumas, meus medos e tenho a vida mais maluca que alguém pode
ter!
Diante de tudo que eu
passei, da minha história e do meu passado, juntando as mágoas, as feridas, os
traumas eu acabei deixando de lado o amor, deixei meu coração descansar por um
tempo, como se eu tivesse feito um retiro com ele para que ele se curasse de
tudo, mas, sinceramente, não funcionou.
Analisando melhor a pergunta
que me fizeram, eu percebi que de uns anos pra cá, eu vivi para mim, para
realizar os meus projetos de vida, para realizar os meus sonhos, para realizar
os meus desejos, focada diretamente no meu trabalho e na minha carreira.
Consegui realizar sim alguns
sonhos, mas, se for escrever um livro sobre essa etapa da minha vida, seria um
livro de solidão, uma história de uma mulher que andou e percorreu todas as
suas estradas e seus atalhos sozinha, sem nenhuma companhia, sem nenhuma
emoção.
Se valeu à pena? Sim! Eu não
me arrependo!
Se faria de novo? Não sei!
Deixei de lado o amor para
seguir sozinha, dei pro meu coração o tempo que ele precisava.
Não que eu tenha desistido
do amor, mas, eu quero encontrar alguém que realmente me faça bem, feliz, me
faça sentir mulher novamente.
Quero alguém que não se
importe se eu tenho ou não um carro, se eu uso ou não roupas caras, que não
fique abismado porque eu nunca fiz uma viagem internacional aos 31 anos...
Quero alguém simples, que me
entenda, que entenda a minha vida, que goste de mim e me admire por quem eu sou
e não, por aquilo que eu não conquistei ainda aos 31 anos, nem todos tem a
mesma oportunidade. Cada um de nós tem sua própria vida, sua própria história,
o seu próprio destino. Uns nascem com dinheiro, com mais possibilidade de vida
e outros, nascem para batalha, são guerreiros e não, reis.
Eu me enquadro no segundo “tipo”!
Quero alguém que entenda a
minha vida e que me aceite como sou e com o que eu tenho materialmente, porque
AMOR para distribuir dentro de mim não falta, e por mais que eu passe uma
imagem de “super mulher”, na realidade, é só para me proteger do que pode me
fazer mal.
Eu sou uma mulher
sentimental, sensível, romântica.
Zaz,
uma cantora francesa diz em sua música: Je Veux
Donnez moi
une suite au Ritz, je n'en veux pas!
Me dê uma suíte no Ritz, eu não quero!
Des bijoux de
chez CHANEL, je n'en veux pas!
Joias da Chanel, eu não quero!
Donnez moi
une limousine, j'en ferais quoi?
Me dê uma limusine, o que é que eu faria?
Offrez moi du
personnel, j'en ferais quoi?
Me dê empregados, o que é que eu faria?
Un manoir a
Neufchâtel, ce n'est pas pour moi.
A mansão Neufchatel, isso não é para mim.
Offrez moi la
Tour Eiffel, j'en ferais quoi?
Me dê a Torre Eiffel, o que é que eu faria?
Je Veux,
d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur,
Eu quero amor, alegria, bom humor
ce n'est pas
votre argent qui f'ra mon bonheur,
NÃO É O DINHEIRO QUE ME TRARÁ FELICIDADE
moi j'veux
crever la main sur le coeur
Eu quero morrer com a mão no coração
bienvenue
dans ma réalité !
Bem-vindo à minha realidade!
Zaz – Je Veux
Essa
é a minha realidade: A simplicidade da vida!
Aquela pergunta que me
fizeram, me fez refletir o quanto eu maltratei meu coração, o quanto eu o
deixei de lado fazendo que ele não respirasse, sufocando todos os meus
sentimentos.
Hoje, alguns dias depois, eu
percebi que eu mereço ser feliz e fazer alguém feliz.
Hoje, eu espero e deixo meu
coração aberto para as oportunidades (claro, não é qualquer oportunidade), tem
que me aceitar do jeito que sou e com o que eu tenho a oferecer materialmente e
espiritualmente, mas, estou aberta ao amor, a paixão e a esses sentimentos que
sempre me fortaleceram e que sempre foram a minha fonte de inspiração.
Por Alexandra Collazo
29/10/2014